O Sepulcro vazio
Na noite da celebração da Vigília Pascal a Igreja trouxe, na Liturgia da Palavra, uma narrativa apresentada pelo evangelista Marcos, na qual três mulheres movidas pelo amor, vão embalsamar o corpo de Jesus nas primeiras horas do domingo, pois ele tinha sido sepultado às pressas na sexta-feira, e no sábado não se podia finalizar os preparativos que eram feitos antes do sepultamento. Mas, quando chegaram ao sepulcro onde o corpo foi colocado, são tomadas por um grande susto, conforme o texto do Evangelho de Marcos:
Passado o sábado, Maria Madalena, Maria, mãe de Tiago, e Salomé compraram aromas para ungir Jesus. E no primeiro dia da semana, foram muito cedo ao sepulcro, mal o sol havia despontado. E diziam entre si: Quem nos há de remover a pedra da entrada do sepulcro? Levantando os olhos, elas viram removida a pedra, que era muito grande. Entrando no sepulcro, viram, sentado do lado direito, um jovem, vestido de roupas brancas, e assustaram-se. Ele lhes falou: Não tenhais medo. Buscais Jesus de Nazaré, que foi crucificado. Ele ressuscitou, já não está aqui. Eis o lugar onde o depositaram. Mas ide, dizei a seus discípulos e a Pedro que ele vos precede na Galileia. Lá o vereis como vos disse. Elas saíram do sepulcro e fugiram trêmulas e amedrontadas. E a ninguém disseram coisa alguma por causa do medo. (Mc 16, 1-8)
Como pode ser observado no texto acima citado, a notícia da ressurreição de Jesus deixa as mulheres trêmulas e amedrontadas. É preciso vencer nelas mesmas o medo que as emudeceu, no primeiro momento. Ou seja, o medo pode nos paralisar diante das respostas que devemos dar à vida. Nesse caso, ele deverá ser revertido em fé pascal. Só assim, elas poderão cumprir a ordem daquele anjo bendito que as enviou para anunciarem tão maravilhosa notícia: o sepulcro está vazio, Ele venceu a morte!
E, a exemplo do servo do senhor, segundo o profeta Isaías em seu 3º cântico, usemos da língua adestrada que o Senhor Deus nos deu, para anunciarmos uma palavra de conforto e de ânimo aos que estão abatidos e desanimados. Uma palavra de libertação aos que estão presos nas mais diversas prisões. Uma palavra de saúde aos enfermos. (cf. Is 50,4)
Sendo assim, nestes tempos que temos vivido, de tanta violência, corrupção, fome e pandemia, devemos nos perguntar: quem rolará estas pedras para nós? Somente o Cristo ressuscitado. Por isso, precisamos deixar que a esperança vença o medo para que sejamos encorajados a escutar a voz do anjo que nos diz: “Vão vocês também anunciarem a vitória de Jesus sobre a morte, o pecado e o mal”. Esta é a grande certeza que nós temos: Jesus ressuscitou. O sepulcro está vazio!
É páscoa, meus irmãos e irmãs! Deus tem a última e vivificante palavra. Ele que nos ama e nos chama em seu Filho Bendito, Senhor nosso Jesus Cristo a nos unirmos num novo canto de vitória, isto é, o hino de aleluia cantado por todos os que pertencem ao seu povo. A estrada é longa e o caminho, por vezes, torna-se cansativo. Contudo, Ele está ao nosso lado, iluminando-nos para nos dar a possibilidade de vivermos Nele, a verdadeira vida.
Portanto, corramos como correram as mulheres anunciadoras da ressurreição. Corramos no certame que nos é proposto, cantando a vitória do nosso Deus e do seu Cristo, e a certeza de que Nele somos mais que vencedores, pois Jesus, em seus últimos momentos nesta terra, deu-nos a certeza de que nos amou até o fim. Assim, tendo deixado o sepulcro vazio, o senhor vem ao nosso encontro e nos convida a reconhecer a graça que habita em acolher a vida que nos espera.
Pe. Francisco Tarcísio de Souza Fernandes, MSC
Vigário da Paróquia São Miguel Arcanjo,
Jardim da Conquista, São Paulo – SP