Pe. Júlio Chevalier e a Unidade da Igreja
Valmir Ferreira, mSC[1]
Pe. João Júlio Chevalier (1824-1907). É natural da Cidade de Richelieu- França e sua vida é marcada por uma simplicidade harmônica de exemplo e superação, desde seu nascimento em uma família pobre até na fase final da sua vida na casa de uma família de Issoudun devido a revolução napoleônica com a perseguição aos clérigos e religiosos).
A Unidade da Igreja começa a ficar ameaçada, a partir do séc. XVI. Quando o homem começa a ser compreendido, por influência do Jansenismo (espiritual) e Iluminismo (razão).
Nas Constituições e estatutos da Congregação dos Missionários do Sagrado Coração particularmente no número 12 é apresentada a missão da congregação. Como veremos: “a exemplo de Jesus, nós nos esforçamos por levar os outros a Deus pela bondade e mansidão, a fim de uni-los a ele pelos laços de amor e libertá-los do medo. Confiantes na Graça de Deus, estaremos prontos, se necessário, a dar a vida por eles”. (Const Msc n. 12)
Vale ressaltar ainda, que posterior a fundação da Congregação, Pe. Júlio Chevalier funda a Congregação das Filhas de Nossa Senhora do Sagrado Coração, no ano de 1874, também em Richelieu.
A Europa do séc. XIX é marcada por dois grandes eventos: O Jansenismo e o Iluminismo. Esses dois eventos marcaram de forma busca e cruel a perseguição às Igrejas católicas, o clero e as ordens religiosas, como foi o caso da Congregação fundada pelo Padre Júlio Chevalier.
Nos três primeiros capítulos das Constituições, temos alguns números, onde podemos ver a ideia de unidade na Igreja vivida e sonhada pelo Pe. Júlio Chevalier e que ele nos deixa como modelo de vida. No número 2, é apresentada a natureza e a missão da Congregação: “Nós somos uma Congregação religiosa dedicada ao apostolado. Nós nos tornamos membros pela profissão pública dos votos de obediência, de castidade e de pobreza, em resposta a um chamado de Deus. Por esta consagração ao Senhor, nós nos comprometemos a viver segundo o espírito da Congregação, a tomar parte em sua missão e a partilhar sua vida fraterna, na fidelidade a estas Constituições”. (Constituições Msc, nº2)
Como já foi apresentado neste artigo, o contexto religioso e político vivido pelo Pe. Júlio Chevalier foi bem conturbado. Os dois grandes males que marcaram o seu espírito foram: Jansenismo e o Iluminismo(indiferença). No número 3, das Constituições. Podemos entender o seu desejo de fundar a sua Congregação: “O Pe Júlio Chevalier estava profundamente sensibilizado pelos males que afligiam os homens do seu tempo. Contemplando o Coração de Cristo, no qual se revela o amor misericordioso do Pai, ele descobriu que este Coração era o remédio para todos os males. Animado pelo mesmo amor e guiado pelo Espírito Santo, ele fundou a Sociedade dos Missionários do Sagrado Coração”. (Constituições Msc, nº 3).
No número 4 percebemos a obediência ao Espírito Santo que os MCS são convidados e que devem possuir ainda a comunhão fraterna entre a hierarquia eclesiástica, os leigos e com os confrades: “Também nós somos animados pelo dom do Espírito que nosso Fundador recebeu. Em comunhão fraterna, vivemos nossa fé no amor misericordioso do Senhor; e ao mesmo tempo, somos enviados ao mundo para proclamar a Boa Nova do amor e da ternura de Deus nosso Salvador, e para dar testemunho dele por toda nossa vida”. (Constituições MSC, nº4)
Podemos perceber que o Pe. Júlio Chevalier estava em plena comunhão com à Igreja. Em uma sociedade marcada por tantas críticas dos próprios fieis ao Papa Francisco e o seu magistério, Chevalier nos ensina o valor da unidade com a Igreja de Cristo Jesus. E nós os Missionários do Sagrado Coração, somos chamados à luz do nosso carisma fundacional levar remédio aos males da nossa sociedade contemporânea e os que infelizmente afeta os corações de alguns batizados e batizadas da Igreja: Individualismo, fundamentalismo e falta de unidade com o Papa Francisco e o seu magistério baseado na sinodalidade.
REFERÊNCIAS:
CONSTITUIÇÕES E ESTATUTOS. Missionários do Sagrado Coração. Edição revisada capítulos gerais 2005/2017. São Paulo. Loyola, 2017.
CHEVALIER, Júlio. Notas íntimas. Tradução Jean Bertolini, MSC. São Paulo, 1988.
[1] Religioso Missionário do Sagrado Coração, graduado em Filosofia pelo Instituto de Estudos Superiores do Maranhão, IESMA, e graduando em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUC-SP.