Votos Temporários
HOMILIA DOS VOTOS TEMPORÁRIOS
Caros irmãos e irmãs, hoje, nos reunimos, como comunidade de fé para testemunhar o SIM a Cristo e ao seu seguimento de 5 jovens (Douglas, Jefferson, Lucas, Patrick e Ygor), na Congregação dos Missionários do Sagrado Coração de Jesus. Hoje, eles se tornam, oficialmente, religiosos MSC. E como nos tornamos MSC? “Nós nos tornamos membros pela profissão pública dos votos de obediência, de castidade e de pobreza, em resposta a um chamado de Deus. Por esta consagração ao Senhor, nós nos comprometemos a viver segundo o espírito da Congregação, a tomar parte em sua missão e a partilhar sua vida fraterna” (Const. MSC, 2). É importante que vocês, bem como, a comunidade aqui presente tomem consciência disso!
O que é um Religioso? É aquele que decidiu vivenciar o seu Batismo de maneira mais radical, a partir de um carisma (dom) e de uma espiritualidade (modo de vivenciar o carisma). No caso deles, decidiram abraçar o Carisma e a Espiritualidade do Padre Júlio Chevalier que viu no Coração de Jesus a resposta para todos os males do seu tempo. Júlio Chevalier, ao experimentar o Amor de Deus em sua vida, não teve dúvidas de que o que liberta as pessoas dos males que as afligem é a experiência de sentir-se amado por Deus. Chevalier se sentiu profundamente amado, sentiu-se acolhido no coração de Deus que ama a todos sem distinção e esse amor foi plenamente derramado por nós em Jesus Cristo. Por isso, ele dizia: “Do coração traspassado de Cristo na cruz, eu vejo surgir um mundo novo”. O Coração rasgado de Cristo, de onde brota sangue e água é o derramamento do Amor de Deus por toda a humanidade, por todos nós, por cada um em particular e, em especial, pelos mais pobres, esquecidos e vulneráveis. O Religioso MSC, é aquele que consagra a sua vida a Cristo, para também ser a expressão do amor de Deus que se derrama por todos, sem distinção.
Com isso, caros irmãos, quero dizer que o Religioso é um batizado que procura viver concretamente o seu Batismo, a partir de um aspecto da vida de Jesus. Isto é, é aquele que encarna (que concretiza) em sua vida o modo de Jesus amar as pessoas, especialmente as mais pobres e vulneráveis, em gestos, palavras e ações.
Cada um desses jovens é originário de uma família, de uma família de batizados. Portanto, a vocação religiosa deles é fruto da vocação batismal comum a todos nós. Nesse sentido, caros familiares aqui presentes e outros cristãos importantes na vida de cada um deles, expressamos nossa gratidão a todos vocês, que os geraram tanto para a vida quanto para a vivência cristã! Quanto a vocês, caros irmãozinhos mais novos, lembrem-se sempre de onde vocês vêm! Nunca percam suas origens! Hoje, vocês não estão pisando um degrau que os vai distanciar dos familiares e dos demais cristãos, ao contrário, vocês estão declarando, publicamente, que vocês querem viver de tal maneira o Batismo de vocês, como MSC, para serem a expressão do amor de Deus, na acolhida, na proximidade e no apreço por todos, em toda parte. Vocês não estão sendo diplomados, mas consagrados a um estilo de vida!
Vocês se consagram através de 3 votos (vocês querem cumprir com esses votos… Ninguém faz votos para os outros cumprirem no seu lugar!). A Obediência, quer ser a expressão da nossa adesão à vontade de Deus, que passa pela mediação de nossos irmãos e irmãs (nossos superiores, nossos coirmãos de comunidade, as pessoas implicadas nas missões que assumimos). Por amor, queremos ser obedientes ao chamado de Deus, em nossa vida, através de nossos irmãos e irmãs. A Castidade quer ser a expressão da nossa oferta generosa, de nossa própria vida, de nossas energias para o serviço das pessoas. E, por fim a Pobreza, é uma maneira de encarnar na própria vida o modo como Jesus viveu (simples, humilde e desapegado). É um modo de dizer que o ter não é o tudo e nem o fim em nossas vidas. Não ter nada em nosso nome, nem nutrir ambições, é um sinal profético para a sociedade capitalista que privilegia o dinheiro e o ter as coisas. As pessoas não são coisas, elas não valem por aquilo que têm, mas por aquilo que são. Só seremos capazes de viver a pobreza evangélica, se deixarmos que a pessoa de Jesus pobre, nos questione sempre sobre o que temos e possuímos. Obs. desconfiem, questionem os desejos pessoais por possuir coisas, p.ex., possuir uma APLE, etc. Hoje, a consagração de vocês, é antes de tudo, uma entrega a Deus, que em Jesus se fez obediente, casto e pobre. Portanto, não é um trampolim para ter uma vida fácil e de privilégios!
E o que deve sustentar a vida consagrada de vocês? A Liturgia da Festa de Hoje (Apresentação do Senhor) nos convida ao ENCONTRO. Assim como o velho Simeão e a profetiza Ana, que ao encontrar o Menino Jesus, reconheceram naquela criança frágil a presença do salvador, nós como Igreja, somos chamados a encontrar, acolher e reconhecer, na fé, aquele que deve ser a nossa luz, para anuncia-lo a todos, em toda parte. Somos chamados, por outro lado a reconhecer a sua presença, especialmente naqueles e naquelas que, talvez nossos olhos não quererem enxergar. Nesse sentido, caros irmãos, a consagração de vocês, só se manterá, se for sempre vivida a partir desse ENCONTRO constante com o Senhor e com os irmãos e irmãs. Em outras palavras, sem a experiência de fé, nada será possível e tudo pode cair em puro ritualismo. O nosso Coração deve estar sempre à espera, desejoso por encontrar o Senhor. Tenham sede e desejo de encontrar-se com Ele, que pode se manifestar nas experiências mais simples e inusitadas da vida. Que assim como Maria, que apresentou seu filho no templo como oferenda agradável a Deus, que vocês possam fazer oferenda de vossas vidas como MSC, para o bem das pessoas em toda parte.
Itajubá, MG, 02.02.2024.
Luís Carlos, mSC