O Cuidado da Casa Comum: uma Vocação Cristã
Quando falamos de ecologia, é essencial retornarmos à origem etimológica da palavra para compreender sua profundidade. O termo vem do grego: “oikos”, que significa “casa”, “lar” ou “ambiente”, e “logos”, que significa “conhecimento” ou “estudo”. Portanto podemos aferir que a ecologia, em sua essência, é o estudo da casa, o que nos convida a refletir sobre nosso papel como cuidadores do planeta, e de fato, a sermos mais carinhosos com a nossa Mãe Terra.
Ao pensarmos no planeta Terra como “casa”, percebemos que não se trata apenas de um espaço físico que habitamos, mas de um ambiente que deve ser preservado e cuidado por todos. O Papa Francisco, com uma visão clara e sensível, destaca essa responsabilidade em sua encíclica Laudato Si’, onde ele amplia o conceito de Casa Comum. Francisco nos lembra que o cuidado com o meio ambiente é uma vocação cristã, parte integrante da fé católica e de um compromisso ético. No parágrafo 217 da Laudato Si’, ele afirma: “Viver a vocação de ser protetores da obra de Deus é parte essencial de uma existência virtuosa; não consiste em algo opcional nem num aspecto secundário da experiência cristã.”
Essa vocação exige uma mudança profunda de mentalidade por parte de todos os cristãos. Não podemos mais encarar a crise ambiental como um problema distante ou secundário. A devastação ambiental afeta diretamente os mais pobres, e, como cristãos, somos chamados a agir em nome da justiça, protegendo tanto as pessoas quanto o meio ambiente. Esse cuidado, segundo o Papa Francisco, está profundamente conectado ao mandamento de amar o próximo, pois as consequências da destruição da natureza recaem especialmente sobre os mais pobres.
Além disso, as lideranças das nossas comunidades têm um papel crucial neste processo. Elas são chamadas a tomar consciência da urgência desta questão e a despertar a consciência de todo o povo de Deus. Educar as novas gerações é fundamental, pois são elas que herdarão as consequências das nossas ações de hoje. Portanto, promover uma verdadeira conversão ecológica nas nossas paróquias, escolas e famílias é um caminho inadiável.
O cuidado da Casa Comum não é uma opção, mas uma necessidade urgente que exige de nós cristãos uma atitude radical e transformadora. Trata-se de uma vocação que vai além de respeitar a criação de Deus, mas também promove a dignidade humana e a justiça social. Como discípulos de Cristo, somos chamados a agir em defesa da vida, do planeta e dos mais vulneráveis, vivendo plenamente nossa fé em harmonia com a criação.
É inaceitável continuarmos a normalizar situações extremas, como os incêndios nas florestas, oscilação na temperatura, morte de rios, entre outras situações trágicas, que acabam nos afetado de alguma maneira, é bom reforçarmos que, tudo está interligado, ou seja, o que acontece na fauna ou na flora nos afeta de forma direta ou indiretamente.
É tempo de ação, oração e de conscientização. Este mês a Intenção de Oração do Papa para a Igreja é: “Que cada um de nós escute com o coração o grito da Terra e das vítimas das catástrofes e das mudanças climáticas, comprometendo-nos pessoalmente a cuidar do mundo que habitamos.”
Que realmente possamos zelar por nossa casa comum, assim como diz a oração, e darmos continuidade ao projeto de Jesus, para que todos tenham uma vida plena e abundante (Jo, 10,10). Façamos do hoje um contínuo Tempo da Criação.
Luís Henrique Rodrigues de Lima, estudante do 2° ano de Teologia da PUC-SP