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Artigos, Editorial › 15/03/2022

O Coração sinodal do nosso Padre fundador, Júlio Chevalier

No último dia 13 de março celebramos o aniversário do pontificado de Francisco e hoje, dia 15, celebramos o natalício de nosso fundador, Padre Júlio Chevalier. Ao mesmo tempo, estamos vivendo um caminho sinodal, o que nos faz pensar em algumas semelhanças entre o Padre Chevalier e o Papa. Padre Absalón, atual superior geral dos Missionários do Sagrado Coração, nos presenteou com este belo texto, fruto de uma de suas homilias, que achamos por bem partilhar aqui, com a tradução do Padre Luís Carlos, MSC.

O Coração sinodal do nosso Padre fundador, Júlio Chevalier          

Homilia do P. Geral, Absalón Alvarado, mSC (21.10.2021)

             A sinodalidade deve começar a ser para nós, uma característica fundamental de nossa humanidade e não somente de nossa concepção de Igreja, de missão e de comunidade. Deve ser algo mais profundo; uma atitude humana que vai de encontro à realidade pessoal e coletiva, na qual vivemos hoje.

A humanidade se manifesta não apenas nos dons e nas forças que cada um de nós possui, mas sobretudo nas nossas vulnerabilidades e debilidades. Investigando características humanas do Padre Chevalier, que pudessem nos mostrar aspectos mais “sinodais” de sua vida, encontrei este acontecimento particularmente importante: segundo o testemunho do Padre Piperon sobre a última conversa que teve com Padre Chevalier, este lhe expressou a consciência de que o fim de sua vida já estava próximo. Chevalier se confessou e, no final da confissão, pediu perdão ao Padre Piperon e, segundo o mesmo, Padre Chevalier, neste momento, inverteu os papéis. Padre Chevalier se despiu da imagem autoritária do padre que aconselha e sabe de tudo, revestindo-se daquele que pede perdão e exprime a consciência da sua vulnerabilidade. Padre Chevalier mostra um coração humilde e necessitado. Este gesto faz do seu coração um coração sinodal.

Para interpretar este simples e sugestivo testemunho do Padre Piperon, podemos dizer que o Padre Chevalier mostrou, neste seu gesto, uma mudança de mentalidade. Mudança de mentalidades como esta são necessárias hoje, em todas as nossas comunidades e na Igreja.  A primeira leitura (Rm. 6, 19-23) sublinha a necessidade de uma linguagem e de uma compreensão mais humana em relação à nossa debilidade.

O fogo do qual fala o Evangelho (Lc.12,49-53) poderia ser sentido e compreendido como o Espírito que vem e nos faz construir a sinodalidade, e isto só será possível se este “fogo” vier do nosso coração e se difundir em toda parte. Segundo o nosso carisma, o amor deve ser vivido em toda parte.

Será uma experiência sinodal profética, que desmascarará as divisões, portanto, não baseada em uma paz aparente ou falsa.  Eis a razão pela qual Jesus e também o Padre Chevalier viveram desta maneira.

Isto requer que este “espírito de fogo” entre em nosso coração e nos transforme. Padre Chevalier mostra claramente aquilo que o Evangelho diz hoje: a vida do cristão não é uma vida tranquila, cômoda ou individualista, mas uma série de discernimentos (às vezes difíceis), de escolhas, de decisões, tentações, situações familiares e comunitárias, incompreensões etc. Mas, a partir do momento em que Padre Chevalier tomou consciência de ser um “corpo missionário”, o seu sonho de missão o humanizou, tornando-o sinodal e o levou a enfrentar todos os obstáculos, transformando-os em instrumentos para a Missão. Somente assim transformaremos a realidade.

A sinodalidade – que é escuta, corresponsabilidade, empenho, caminhar jutos, etc. – segundo o Evangelho e na tradição do Padre Chevalier, nos impulsiona a afrontar os sistemas sociais injustos que destroem a vida hoje, que destroem a mãe terra, a casa comum, que nos oferecem uma falsa paz. Sem uma verdadeira mudança de mentalidade não haverá sinodalidade.

Que esta festa do Padre Chevalier, nos encoraje a escutar com o coração, a realidade atual e a partir do espírito do Evangelho de hoje fazer escolhas radicais para o bem da missão.

Com alegria, recordamos os cinquenta anos de sacerdócio do nosso confrade Fernando Panico, missionário do sagrado coração, bispo emérito da Diocese do Crato, manso e humilde, que dedicou a sua vida ao anúncio do Evangelho e ao cuidado do povo de Deus.

Tradução:

  1. Luís Carlos, mSC

 

 

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