Meu filho é padre!
No mês de agosto, a Igreja nos convida a refletir sobre as vocações específicas da vida cristã. O primeiro domingo é especialmente dedicado à vocação presbiteral. Este chamado tão bonito e tão profundo costuma instigar muito o coração dos fiéis, seja porque admiram o quão sublime é este dom, seja porque não o compreendem, especialmente quando este chamado é dirigido a si, a um filho ou a alguém bem próximo.
Vale compartilhar um artigo escrito há algum tempo por Maria Astrid Saad Corradi, uma senhora de São José do Rio Preto, Zeladora da Pequena Obra, que ainda ilustra muito bem estas inquietações:
Meu filho é Padre!
Há pouco presenciei uma cena que jamais esquecerei, pois tocou profundamente o meu coração. Era missa de um ano de falecimento de um senhor muito amigo nosso. Para celebrá-lo veio, de outra paróquia, um padre irmão da senhora que ficara viúva. Nos primeiros bancos todos os familiares e, também, uma senhora bem idosa e de saúde delicada: a mãe daquele sacerdote. Todos a cercavam de inúmeros cuidados e a tratavam com extremo carinho.
Iniciou-se a missa e pude perceber que ela, delicadamente, pediu a uma das netas que trocasse de lugar com ela. Ficou, então, na ponta do banco, onde poderia ver nitidamente o seu filho, celebrando a missa, falando aos fiéis, congregando o povo e serenando os corações tristes de seus parentes.
Ela pareceu rejuvenescer anos!
Que orgulho ela sentiu ao ver seu filho no altar! Por uns momentos tentei colocar-me no seu lugar e viver os maravilhosos sentimentos. Vi nos olhos daquela velhinha as cores de uma realização plena, senti nos seus lábios os sabores de um fruto bem plantado e bem colhido e pude ver o seu coração palpitando de grandiosa serenidade.
Lembrei-me então de um fato ocorrido anos atrás com uma família que participava ativamente da Igreja e das funções da paróquia. Rezava muito e conseguira criar os filhos dentro dos preceitos da religião. Quando o filho resolveu ser padre houve uma grande turbulência naquelas vidas: “Nosso filho padre, jamais!”. O menino argumentou, mas não adiantou; o casal abandonou tudo o cultivara com tanto empenho durante anos.
Todos nós queremos um padre para celebrar as nossas missas: as dos domingos, as dos falecidos, as de formatura, as de bodas… Queremos quem faça casamentos e batizados, quem dê a primeira eucaristia, quem oriente a catequese, os jovens, os casais desajustados, os filhos rebeldes e os pais revoltados, quem nos ouça, quem nos aconselhe, quem nos perdoe…
Enfim, queremos um padre À nossa disposição, pois afinal, ele é uma presença constante me toda nossa vida.
Mas… de onde surgem os padres? Eles não brotam em árvores ou em solos férteis, nem são trazidos até nós em naves espaciais. Eles começam, ou melhor, deveriam começar a nascer no seio das famílias cristãs.
Com coragem, respondam à pergunta: “quantos de nós têm essa preocupação?”
Pouquíssimos, pouquíssimos!
“Meu filho será médico, advogado, biólogo, veterinário, engenheiro” e assim por diante.
Os pais imaginam que o padre é um homem que sofre, que vive só, que renuncia ao que é bom, que não terá uma família. Esquecem-se que o sacerdócio escolhido verdadeiramente com vocação permitirá ao padre a coragem de um amor profundo, universal, até as últimas consequências, pela maior família existente: a família do povo de Deus.
Mas… os seminários ainda têm muitas vagas. Que pena!
Todos conhecemos e convivemos com padres maravilhosos, instruídos, donos de inúmeras virtudes, com palavras e atitudes corretas nas horas precisas, estimadíssimos por crianças, jovens e adultos, que tanto tem para nos ensinar e nos ajudar a chegar ao Pai.
Vamos conversar sobre tudo isso em nossas casas?
Afinal, quanta grandiosidade há nesta frase tão pequena: “MEU FILHO É PADRE!”.
Corradi, Maria Astrid Saad. Meu filho é Padre. In.: O mundo precisa de um coração: Missionários do Sagrado Coração. Gráfica Editora Júlio Chevalier, Campinas-SP. (Adaptado)